sexta-feira, 17 de setembro de 2010

vigésimo oitavo capítulo

O dia seguinte foi normalíssimo, levantei-me de manhã e vi que o tempo já estava bastante fresco, sabia que a temperatura poderia subir, então optei por uma roupa que se adequá-se.
Cheguei a casa para almoçar pouco antes dele, tinha trazido bifes com cogumelos de um restaurante óptimo perto da clínica. Pus a mesa, e, coloquei a comida numa travessa. Ouvi o carro dele chegar.

- Oi, - disse enquanto se dirigia a mim. - Já tinha saudades! - colocou as suas mãos na minha cintura e beijou-me.

- Eu também... Bem, trouxe a comida.

- Hm... Que cheirinho, nem imagina a fome com que eu tou!

- Imagino, sim.

Ele demorou practicamente o mesmo tempo que eu, e comeu 3 vezes mais!
Quando ele foi para o treino, eu decidi dar uma volta pela praia, estava tensa, precisava de pensar, muita coisa tinha mudado num ano e meio, o David, o Marco, o meu grupo de amigos, a Mari, a minha carreira... Estacionei o carro junto a uma praia, que, era naturalmente calma, e nesta altura estava desértica. Tirei os sapatos altos e senti a areia, sentei-me e olhei o mar.

Na minha cabeça correram as mais variadas imagens. O dia da despedida com a minha turma do 12º ano, quando acabei com o meu namorado na altura, o dia em que saíram as colocações e soube que iria para Lisboa viver com a Mari e, que tinha mais amigos que vinham, a despedida dos meus pais, as primeiras semanas, o dia em que conheci o Marco, as noitadas, os jantares com o Luís e o Pedro, as viagens, os sorrisos, os abraços, e depois... o dia em que conheci o David, o dia em que acabei com o Marco, o dia do primeiro beijo com o David, a primeira noite que passei com ele, a primeira viagem, quando fui viver com ele, o primeiro filme que gravei, a primeira sessão fotográfica para uma marca internacional, os concertos no bar...

Respirei fundo, e fiquei muito tempo assim, ora fechava os olhos, ora os abria, ora sentia lágrimas a correrem pelo rosto, quando me lembrava de certas coisas...




O telemóvel vibrou, olhei para o visor e era o David.

- "Amor? Está tudo bem?"

- Sim, já saíste do treino?

- "Sim já tou em casa à mais de meia hora. "

- Que horas são mesmo?

- "Oito e meia, mas você tá mesmo bem? Precisa que te vá buscar a algum lado?"

- Não, vim dár uma volta, e acabei por perder a noção do tempo. Eu vou já para casa. Queres que passe por algum sítio para comprar comida?

- "Não é necessário, eu faço um macarrão para nós."

Saí da praia, calcei os sapatos e tirei a areia que consegui da minha roupa. Entrei no carro e conduzi para casa.

- Tava ficando preocupado.

- Desculpa. - beijei-o. - Precisava de ver o mar, estár na praia, de reflectir.

- Não tem mal, vai tomar um banho que a comida tá quase pronta.

- Tu mandas!

Subi as escadas e tomei um banho frio, vesti uma t-shirt e desci, assim, só de t-shirt e cuecas.
Comemos a massa enquanto o David contou-me sobre o treino, os rapazes..., ele era impecável, quando eu lhe dizia que precisava de reflectir, compreendia, e, não puxava o assunto.

- Eu tenho voo amanhã, às 7h. É melhor decansar.. Antes de sair escrevo um bilhete, e, quando chegar a Madrid mando mensagem, porque deves estar no treino.

Ele abraçou-me e sussurrou-me:

- Eu vou te levar. Já vou tár sem você durante um dia e meio, quero deixar você, está bem?

- Mas é muito cansativo para ti, depois tens treino.

- Shiu, vem vamos lá para cima que amanhã vamos acordar muito cedo.

Beijei-o e subimos, tudo isto fazia sentido, tinha saudades de muitas coisas, mas o facto de poder estar com o David, e, saber que posso contar com ele, em todos os momentos, é algo que eu nunca imaginei viver.

Paula

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