segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

centésimo capítulo [100º]

- A tua mãe? - acabei por perguntar.

- Tá na cozinha, super estressada! Tem medo que não gostes da comida, e não te sintas bem... - riu-se.

- Oh Belle...! Eu vou lá ter com ela então, ainda não lhe dei um beijinho.

- Vai lá que ela vai ficar contente.


Sai da sala e depois de passar o enorme corredor cheguei à cozinha. A porta estava entreaberta, e a D. Regina estava à volta das panelas.


- Olá, D. Regina. - disse e ela voltou-se para mim.

- Olá, minha filha. Nem me tinha apercebido que tinham chegado. - sorriu. - Tou aqui à volta da comida...

- Precisa de ajuda? Está aqui sozinha...

- Não, obrigada, eu gosto de tratar da comida. O Davi?

- Está entreti...

- Estou aqui! - ouvi a voz do David atrás de mim, e este beijou-me na testa. - Então mamãe? Já tá cozinhando? Só jantamos à meia-noite...

- Eu sei... Minha filha? - disse dirigindo-se a mim. - Nós cá também comemos bacalhau... Mas é temperado de forma diferente... Cê gosta ou quer outra coisa, que eu faço?

- Gosto, D. Regina!

- Ainda bem, quero que se sinta em família...

- Eu sinto, pode acreditar que sinto! - sorri.

- Vão lá para a sala divertir-se que o Sr Ladislau vem já ajudar!

- Te amo, minha mãe! - disse o David e beijou-a na bochecha.


Deu-me a mão e levou-me para o alpendre. Era uma vista diferente de tudo aquilo que estava habituada a ver. Era uma mistura de campo e cidade, modernismo e ruralidade. O David colocou as mãos nos meus ombros e eu encostei-me a ele.


- Depois tens que explicar as vossas tradições, amor.

- Não temos muitas, isso era antigamente. Mas agora as pessoas não vão tanto ao culto e isto é mais uma festa de família... Para o ano passamos em Fafe, sim? - disse beijando-me.

- Sim! - sorri e beijei-o novamente.


..

-  Meninos, tem crianças nessa casa de família. - ouvi um senhor que não reconheci a voz.


O David cortou o beijo, e ambos olhamos na sua direcção.


- Tio Artur! - acabou por dizer, caminhou na direcção dele, e puxou-me juntamente. - Há quanto tempo! - abraçou-o.

- Mesmo! Então essa é sua garota... Muito prazer, vi algumas fotos suas, mas é ainda mais bonita ao vivo.

- Obrigada.  - disse. - O prazer é todo meu!


Ele entrou em casa e nós continuamos cá fora.


- David?

- Sim, meu anjo. - virou-se para mim.

- Dizes-me as horas...

- São nove e vinte, quer o telemóvel para ligar a seus pais?

- Sim, por favor.


Ele deu-me o telemóvel para a mão e eu marquei rapidamente o número da minha mãe. Esta atendeu ao primeiro toque.


- "Filha!"

- Oh mãe! Bom Natal... - a minha voz falhou e o David ficou a olhar para mim.

- "Para ti também... Como está a correr? A comida era boa? E o tempo?"

- Está a correr bem, Angra dos Reis é lindo... Está muito bom tempo, estou de vestido cai-cai e não tenho frio, por isso... Aqui no dia de Natal eles só jantam perto da meia-noite.

- "Sim, mas alimenta-te sim?"

- Sim... Não te preocupes. Onde passaste o Natal?

- "Jantamos em casa da Avó, mas agora estamos na casa da tia, estão os bebés todos, as primas..."

- Oh mãe... tenho saudades tuas! - uma lágrima teimava em cair, e o David observava-me ao longe.

- "Eu também, mas nós estamos sempre a pensar em ti! E, tu sabes que esta será sempre a tua casa."

- Eu sei! Mas tenho saudades na mesma! Eu vou passar o ano novo aí!

- "Asério?? Tu já não passas o ano-novo connosco há muito tempo, filha!"

- Eu sei, mas vou! - sorri. - Queres-me aí, certo?

- "Claro, claro! O David também bem?"

- Se tiver folga!

- "Ok, eu vou ter que desligar. Falamos depois... Beijo, adoro-te!" - desligou.


Pousei os meus braços no muro, e olhei profundamente para algo que não tinha, mas que procurava. Os meus olhos não tinham lágrimas e, a única que tinha caído no meu rosto já secara. Olhei para trás, o David olhava-me, e eu lancei-lhe um sorriso, ele compreendia-me muito bem, e percebeu, que eu queria que ele viesse abraçar-me. E foi o que fez, aproximou-se de mim, colocou uma madeixa do meu cabelo atrás da orelha e os seus braços apoiaram nos meus ombros de forma a abraçar-me, eu correspondi ao abraço e fi-lo com força. Ele manteve o silêncio durante muito tempo.


- Eu te amo. - disse baixinho e duma forma calma ao meu ouvido.

- Eu sei, meu anjo. Eu amo-te, também... - disse-lhe.

- Tô me sentindo culpado agora...

- Culpado, porquê?

- Porque você precisa de momentos a sós... E deixou isso, porque... eu nem sei, só te queria ver feliz.

- Acredita em mim: Estou muito feliz contigo, aqui, agora! Sou parte de ti, és parte de mim. Logo, a única coisa que me importa é que te amo, e estás comigo...

- Eu sei o quanto a família é importante para ti...

- E para ti também! Por isso, não te preocupes, estou bem! - beijei-o. - Vamos para dentro?

- Vamos.  - beijou-me na testa e entramos.


Esperamos até o jantar estar pronto e, eu fui ajudar a D. Regina a pôr a mesa. O jantar correu super bem e, depois das pessoas se irem todas embora, eu e o David ficamos a passar a nossa última noite no Brasil.


- Sabe o que sabe melhor em dormir nessa cama, novamente? - perguntou enquanto eu vestia a camisa.

- Não faço a mínima! - confessei.

- Saber que não vou passar a noite acompanhado, com uma mulher dessas.

- Olha a linguagem, David Marinho.

- Não fala disso e, vem cá, minha mulher! - beijou-me.




Paula 

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7 comentários:

Bem-vindo (a) !

Muito obrigada pela tua visita.
Espero que gostem do que eu escrevo, e comentem, porque os comentários são um incentivo para continuar, e sem comentários não fico com muita vontade de escrever. Obrigada ;)



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