quadragésimo quinto capítulo [45º]

Eu estava confusa e questionei-o mais uma vez.

- David, tens a certeza disto, quer dizer, o que ele fez da outra vez...

Eu estava com medo, não só medo das acções do Marco, mas também o que o David poderia fazer, a reacção dele normal era tirar-me de lá e chamar um segurança para tirar o Marco da festa, não concordar que ele falá-se comigo.

- Tenho, amor, eu não consigo confiar totalmente nele, mas eu confio em você, e, você sempre me disse que as pessoas devem resolver as coisas falando, não fugindo. E não se preocupe eu fico cá fora esperando por você. - segredou-me. - Eu te amo, meu doce.

- Eu também, muito. - disse-lhe.

O David saiu e eu fiquei a encará-lo, olhava-o nos olhos, e o meu coração parecia estar a levar facadas.

- Lembra-me de depois agradecer-lhe.. - disse.

- Fala. - respondi-lhe friamente.

Ele sentou-se e colocou as mãos na cabeça, depois olhou para mim.

- Eu precisava de dizer o que eu disse, eu sentia-o desde o segundo em que terminaste comigo. Eu sinto-me ainda pior agora, mas eu tinha que o dizer. Eu também tenho que ser feliz.

- Escolheste a pior altura para o fazer, se tivesses sido sincero comigo, no momento em que a nossa relação acabou, eu poderia ter-te ajudado, tal como tu me terias ajudado a mim, tu largaste-me e foste mais uma vez para África do Sul, surfar, como um menino de 5 anos que foge dos problemas. E eu, fiquei aqui, separada de todos, se, não fosse a Mariana, o Pedro e o Luís, eu ficava sozinha. Eu culpei-me quando comecei a sentir uma química entre mim e o David, eu não queria fazer-te sofrer, e passei a evitá-lo. - senti lágrimas a vazarem dos meus olhos, mas continuei. - Mas ele faz-me tão bem, eu sinto-me a pessoa mais sortuda do mundo por ele me amar. - parei e olhei para ele, olhava-me nos olhos e eu prossegui. - Eu nunca vou esquecer alguns momentos nossos, porque tu mudaste-me, e eu agradeço-te por isso. Foste o primeiro rapaz que se apaixonou também pelo meu interior, tu sabes que eu nunca tive boa auto-estima. E tu... fizeste com que eu me sentisse bonita, pela primeira vez na vida. Mas nós não tínhamos futuro. Nunca vamos ter. E eu deixei de te amar desse modo.

- Eu não te vou pedir que me ames, que me desejes, a única coisa que eu quero, é recuperar a nossa amizade. É poder voltar a abraçar-te como um amigo, poder falar contigo e tirar tudo o que tenho de mim, porque és a única pessoa do mundo que tens esse poder.

- Ainda é cedo, eu preciso de tempo, não te consigo dizer quanto, mas preciso de reflectir.

- Eu vou dar-te esse tempo. - aproximou-se de mim. - Mas não chores, a festa lá fora merece um sorriso enorme teu.

Eu não lhe respondi e ele saiu. Sentia muitas lágrimas na minha cara. Sentei-me no sofá e chorei, porque me sentia a pior pessoa do mundo. Um corpo sentou-se junto a mim e abraçou-me, percebi logo, mesmo sem olhar, o David estava sempre lá. Percebi que também ele devia estar a sofrer, pelo menos, tremia. Limpei as lágrimas e beijei-o. Os meus lábios ansiavam os dele e foi um beijo demorado. Passei as mãos pelos caracóis.

- Desculpa por estar a chorar. Eu amo-te, só tu importas.

- Vem cá, - sentei-me no seu colo. - Eu te amo tanto, que não aguento ver você sofrer.

- Eu já não estou a sofrer. - olhei para o anel e apontei para ele. - Eu tenho-te sempre aqui comigo, e estás sempre a proteger-me.

- Eu nunca te vou deixar, vou ficar sempre com você. - deu-me beijinhos no pescoço. - Vamos para a festa, baixinha?

- Hoje não estou assim tão baixinha! - sorri.

- Eu sei, você fica bem de todas as maneiras.

Corei muito.

- Saiu muita maquilhagem? - perguntei-lhe.

- Um bocado.

- Então deixa-me compor. - peguei na minha carteira e maquilhei-me. - Vamos?

A festa foi animada, estava lá toda a gente, mas nem sinal do Marco, esqueci-me dele e tentei divertir-me ao máximo.

- Já em casa, no quarto -

- Amor, eu hoje... - disse-lhe.

- Não tem mal, vem pra aqui, dormimos abraçados como antes.

Paula ♥

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