sábado, 6 de novembro de 2010

sexagésimo nono capítulo [69º]

Acordei ao sentir o David movimentar-se na cama. Forcei as pálpebras ao abri os olhos e vi-o levantar-se.


- Já tens que ir? - perguntei-lhe e ele virou-se na minha direcção.

- Já meu anjo, é um dia difícil. - aproximou-se e deu-me um beijo na testa.

- Vou ter saudades tuas, e vê se tens cuidado. - fiz beicinho.

- Eu também vou morrer, mas volto logo, sim?

- Sim, eu levo-te à porta. - disse e levantei-me.

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- Eu te ligo, quando chegar.

- Amo-te. Muito!

- Eu também te amo muito, docinho. - aproximou-se e beijou-me. - Faz um programinha com elas e vai ver que passa rápido.

- Não te preocupes comigo. - disse enquanto lhe mexia nos caracóis. - Eu fico bem, e a torcer por ti.

- E você não esquece que é a mulher da minha vida.

- Uuh, que romântico, David Marinho. Vá, vai lá. - beijei-o e ele saiu.

Fui à cozinha tirar um café e sentei-me no sofá. Liguei a televisão e não estava a dar nada de relevante, tirei o som e deitei-me.

-- LEMBRANÇA: Novembro de 2009 --


A aula acabou mais tarde do que era esperado, tinha combinado ir ter com o David a casa dele, esta semana ainda não tínhamos estado juntos. Olhei para o telemóvel e tinha 3 chamadas e uma mensagem, abri e li-a.

"Paula, estou à 1h30 à sua espera. Está tudo bem? Por favor, estou morrendo de preocupação, me liga, assim que poder. Beijo, David"

Marquei o número dele e chamei, ele atendeu ao primeiro toque, e eu andava rapidamente enquanto falava com ele.

- Amô? Que se passou?

- Desculpa, desculpa, desculpa, desculpa, desculpa, David. A aula só acabou agora, e eu tenho frequência na próxima semana, senão tinha saído antes, ainda queres estar comigo?

- Sim, estou esperando, beijo. - desligou a chamada antes de que eu lhe pudesse responder.


Conduzi até casa dele, toquei à campainha e ele abriu sem proferir palavra. Subi no elevador, que parou exactamente em frente à porta dele, que estava aberta, mas ele não estava lá para me receber como era habitual. Entrei e fechei-a. Fui à sala e ele estava no sofá.

- Que saudades amor! - sorri e aproximei-me dele para o beijar, ele não correspondeu.

- Não parecia que tava com saudades, não quis tár comigo uma semana inteira, só foi ao jogo e mais nada.

- Tu sabes que ando com muita carga, David... Eu amo-te, não imaginas como me doeu não poder estar contigo.

- Se doesse vinha ter comigo, uma hora não alternava nada. - respondeu-me friamente.

- Nunca é só uma, e tu sabes isso.

- Mas eu só seu namorado, quero estar com você, mas parece que nem gosta de mim.

- Olha, David, se é para infantilidades, estou sem paciência nenhuma, estou farta de aulas, trabalhos, estudar. - comecei a subir o tom de voz, mas nem me importei. - Logo tu, logo tu com essa conversa! Eu passo fins-de-semana sem ti, a hora que eu saio das aulas, tás em treinos, nunca podes sair, vais para estágios, para o estrangeiro, e eu respeito, porque eu importo-me muito contigo, e sei que tu amas a profissão que tens. Mas se tu não aceitas o facto de eu ter que estudar, então desculpa, mas isto assim não funciona. - senti as lágrimas na minha face, e não as limpei. - Porquê? Porquê, depois de tudo o que passámos? -  ele estava intacto.

Eu saí da sala, peguei na mala que tinha deixado no hall e sai de casa. Comecei a descer as escadas por ser mais rápido.

- PAULA! - ouvi o David gritar. - Não sai assim.

Ele correu mais rápido do que eu e puxou-me pelo braço.

- Sobe, temos que falar.

- Eu não tenho nada para falar contigo.  - ele continuava a agarrar-me no braço. - David! Larga-me!

- Não vou deixar você sair assim, fui um bobo!

- Ui, precisaste da ajuda do público para chegar aí?

- Tou falando asério.  Eu te amo.

- Esquece David, eu prometi a mi mesma que não vou deixar que ninguém me magoe, repito, n-i-n-g-u-é-m!

Sai do prédio da correr e depois de estar no carro conduzi para casa. Naquele momento odiava-o por me fazer sentir culpada por algo natural.


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Paula ♥
Todos os direitos reservados ªª

5 comentários:

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Muito obrigada pela tua visita.
Espero que gostem do que eu escrevo, e comentem, porque os comentários são um incentivo para continuar, e sem comentários não fico com muita vontade de escrever. Obrigada ;)



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