(Ainda na visão de David)
- Peço imensa desculpa, mas o senhor não pode estar aqui, ainda por cima sem identificação…! – ouvi a voz grossa do senhor.
Perceber inglês, nem era o meu pior pesadelo, mas falar, já começava a ser.
- Eu é que peço imensa desculpa, porque não sei falar bem inglês. – disse da forma que conseguia.
- Pode falar na sua língua, que eu sou capaz de perceber, sou espanhol. – disse.
- Me deixa ficá aqui… É minha mulhé…!
- Vai ter que sair, esta parte é interdita, depois de falar com os médicos pode ser que eles o deixem ver pelo vidro, mas isso não me compete e o senhor vai ter que me acompanhar à secretaria para preencher os seus dados. – disse em espanhol.
Uma lágrima caiu-me pelo rosto, desviei o olhar do homem e voltei a olhar para a minha princesa. O rosto dela continuava sereno, no meio de tantas feridas. Apertei-lhe as mãos e a minha cara começava a ficar inundada de lágrimas. Não a queria deixar ali, não a queria deixar desprotegida, e queria garantir que ela acordava e me via, me tinha ali, como ela sempre tivera para mim. Beijei a sua face, a sua mão e a aliança que ela me prometera que iria usar até ao resto da sua vida. Pedi a Deus para cuidar dela, e para ela e a minha neném estar bem de saúde. Fechei os olhos, tentei travar as lágrimas mas foi em vão. Inclinei-me e provei seus lábios, ela estava deitada de uma maneira que me acalmava, sem qualquer sofrimento no seu rosto, estava branca, mas linda, como é desde que a conheço. Desviei a minha cara da dela, e sequei as lágrimas que passei para a sua cara.
Assenti com a cabeça ao segurança e saí do quarto com ele, caminhei ao seu lado, seguindo-lhe os passos. O meu peito estava preso, duro e estava a começar a sentir-me mal, o segurança levou-me à secretaria e explicou a situação à administrativa, até a parte de falar pelo menos em espanhol.
- Pode dizer-me o seu nome?
- Completo? – ela assentiu com a cabeça e eu prossegui. – David Luiz Moreira Marinho.
- Tenho aqui que é marido da senhora que está hospitalizada.
- Isso mesmo, será que posso falar com o médico, sabe alguma coisa?
- Vou ver se consigo, está bem? Tente acalmar-se que a nossa equipa é excelente… E já agora, liguei à senhora, e como não tinha informações ela pediu para lhe ligar assim que poder…
- Muito obrigado, estou esperando aqui… - sentei-me e marquei o número da Mariana.
- Estou? – a voz dela mostrou-me que também estava aflita.
- Oi, Mari… - arrastei a voz.
- David? David? David! O que é que aconteceu à Paulinha? David! – senti que ela estava a chorar e a intensidade do meu aumentou.
- Não sei! Me chamaram ao hospital mas não tão dizendo nada! Ela tá nos cuidados intensivos… - arrastou a voz no meio do choro.
- David? – ela disse no meio do choro. – Liga-me assim que souberes de algo… Eu vou ver se compro passagem e depois falo com os pais dela.
- Eu te ligo! Beijo. – desliguei e vi o médico encaminhando-se até mim.
- David Marinho, marido da paciente Paula Silva? – falou em espanhol.
- Sim. – respondi, limpando as lágrimas. – Que lhe aconteceu.
- A Paula sofreu um grave acidente, um condutor embriagado despistou-se e bateu contra ela em contra-mão…
- E agora? Como tá? E o bebé? – perguntei com os olhos cheios lágrimas.
- Os médicos seguiram agora com ela para o bloco, só estavam a preparar tudo… Vamos tentar salvar o bebé, mas a Paula é a prioridade…
- Doutó… Me garante que ela vai ficá bem! Que vão fazé de tudo para ver o meu neném e minha mulhé…!
- Tem que ter calma, vou voltar para o bloco, assim que acabarmos dizemos…
- Ok, estou esperando.
Foram as 2 horas mais longas da minha vida. Troquei mensagens com a Mari, o Gustavo e minha mãe, bebi 6 copões de café e me devo ter levantado umas 50 vezes para perguntar à mulher da secretaria se já tinha novidades. O medo de perder uma das coisas mais importantes da minha vida, era muito, e perder as duas de uma vez, tornava o medo mais do que duplicado. Rezei muito a Deus pela saúde dos dois…
- Sr. David? – estremeci com a voz do médico, estava demasiado afogado nos pensamentos.
- Sim? – levantei-me num lápice.
- Lamento imenso… Não conseguimos salvar o bebé…
As lágrimas invadiram-me a face e fiquei sem reacção. O meu corpo estava totalmente intacto. Congelei totalmente. Meu neném… Meu filhinho…
- E minha mulhé?
- Está a recuperar… Já acordou…, quer visitá-la?
- Claro!
Segui até ao local e continuava no mesmo quarto dos cuidados intensivos. Primeiro espreitei pelo vidro. Ela estava lá como antes, mas a sua cara marcava sofrimento, e o seu olhar olhava para o vazio cheio de lágrimas. Entrei na sala devagar e ela olhou imediatamente. Os nossos olhos começaram a inundar-se novamente e ela começou a chorar ainda mais. Aproximei-me dela e beijei-a nos lábios.
- Sou uma fraca, David! Uma fraca! – os olhos dela tinham um misto de raiva, tristeza e frustação.
- Shiu! – ajoelhei-me perante a sua cama e beijei-lhe a mão. – És uma lutadora! Vou tar sempre contigo!
- Perdi o nosso filho, David! Como é que ainda tens coragem de me amar, de me chamar lutadora, se não fui capaz de o salvar? De morrer no lugar da vida dele? – o barulho das máquinas começou a aumentar e ela acalmou-se um pouco.
- Não fala isso não! Deus não faz nada à toa, amo… E te amo sim! Vou amá sempre! Sei que fez tudo o que pode… E vou tar sempre com você!
- Não presto, David! E se eu morresse hoje? O que é que tu tinhas para contar se a nosso bebé tivesse vivo? Que espécie de pessoa sou?
- Ei que é isso?
- É verdade! Que tipo de pessoa sou eu? Olha para mim… Não trabalho, não estou realizada profissionalmente! Que tipo de pessoa ia ser eu nos olhos dela?
- Ia ser o orgulho dela, e tenho a certeza que nesse momento já é!
- David… Desculpa, mas preciso de ficá sozinha…
- Mas… Eu não quero que fique sozinha, quero ficá do seu lado!
- David… Deixa-me, por favor…!
- Tudo bem, cê que sabe. – beijei-a na testa, mas ela respondeu com frieza.
(Paula)
Acordei com uma enorme dor de cabeça, passado pouco tempo comecei a abrir os olhos, o que me custou imenso. Percebi que algo de errado se tinha passado. Olhei à volta e vi um senhor que me observava, percebi que estava num quarto do Hospital.
- Bom dia! Bem vinda de volta…!
- O que se passou? Onde estou? Onde está o meu marido?
- A senhora sofreu um grave acidente… - olhou para a minha barriga.
- O meu bebé… COMO É QUE ELE ESTÁ?
- Lamento imenso… fizemos tudo o que estava ao nosso alcance.
Uma lágrima caiu-me pelo rosto e senti a minha vida a desmoronar. Como não consegui salvá-lo? Como é que não consegui ser forte o suficiente para fazê-lo? Porque não lhe dei a vida e parti eu? Talvez fosse uma chamada de atenção de Deus, eu era nova, dependia financeiramente de David (neste momento) e talvez não tenho maturidade suficiente para levar um bebé no ventre, quando mais para a educar.
Os médicos disseram que iam chamar o meu marido. Estava sem forças para discutir e para os impedir e assenti com a cabeça.
Ele abriu a porta, e começámos os dois a chorar descontroladamente. Ajoelhou-se ao lado da minha cama e, segurou-me na mão docemente, foi mais querido do que eu esperava, mas os seus olhos nunca me mentiam e transmitiram-me a sua tristeza e sofrimento. Fui fria, não consegui ser amável depois de ter perdido a prova viva do nosso amor. Tinha raiva de mim própria e comecei a tomar uma decisão mentalmente, que iria mudar, muito provavelmente as nossas vidas.
Paula ♥
Todos os direitos reservados ªª
Bem não sei o que dizer!! Mas que decisão é essa???
ResponderEliminarMenina Paula o que andas tu a preparar???
Continua... quero mais...
bjs
:O :O Está fantástico e arrepiante ao mesmo tempo! Está óptimo, Paulinha! Eu adorei tanto!! :D
ResponderEliminarContinua!
Beijão, gata <3<3
excelente... ela nao pode ficr assim...
ResponderEliminarquero mais...
continua...
Hum, já te disse o que pensava disto, gosto, amo e quero mais, muito mais! +.+
ResponderEliminarTens um jeito e um talento, que infelizmente continuas a negar, mas graças a deus com o qual nos continuas a presentear. Fico à espera do próximo, Paula Marie!
Beijinhos ^^
Te amo!
caty: ahah, é uma decisão :b beijinhos <3
ResponderEliminarbia: oh, que linda! muito obrigada minha linda! beijão, ly <3<3
ana: muito obrigada! beijinhos <3
drii: pois já, amorzão! :b
e a drica lipa teja caladinha com isso do talento shim? (: beijão, te amo también! <3<3
Ohh qe pena ter perdiidO O bebe'!! =S
ResponderEliminarLiinda, adOrO a fOrma cOmO escreves.. MuiitO, muiitO mesmO.. =DD
COntiinua, shiim??
BjnhO
O capitulo está lindo.
ResponderEliminarmas agora paula o que é que andas a tramar, eles não podem fivar chatiados......:s
LOOL
Adoro a tua fic.
beijinho e continua.
Ela nao o vai deixar pois nao?! Diz-me que nao ;$
ResponderEliminarAmei ;D
Quero mais
Beijinho*
diidii: muito obrigada minha linda! <3 beijinho!
ResponderEliminarinêsm: obrigada inês! :D beijinho **
nii'i: tens que continuar xb, obrigada! beijinho <3
:O :O
ResponderEliminarFiquei assim! :O
Paulinha, até chorei! Está simplesmente... Olha, adorei!
Aii o Neném :/
Tens talento sim!
Beijinho
Ana Sousa
oh, não quero que chores ana! (:
ResponderEliminarmuito, muito, muito obrigadaa!!
beijinho *