centésimo décimo capítulo [110º]

QUARTA-FEIRA: 2 de Fevereiro de 2011

Como ele ia passar o quase o dia todo no treino e com os colegas e eu não queria ficar em casa a “anhar” decidi sair do hotel e dar uma volta pela cidade.
Não podia ter tido pior ideia, a última vez que lá tinha estado acompanhada, foi com o Marco, o que me trouxe muitas recordações à cabeça.
Acabei por regressar ao Hotel por volta das 20h, o Benfica devia tar a começar, e pedi que trouxessem pizzas.
Percorri todos os canais de televisão para ver se algum canal iria transmitir o jogo, ou se teria que recorrer à internet. Nos 459 dos 500 canais, encontrei um de futebol ibérico que iria transmitir. Fiquei contentíssima, sentei-me em frente à televisão e comecei a devorar uma fatia da pizza que entretanto já tinha chegado.
Vi emocionada os jogadores do Glorioso, e não deixei de achar estranho não ver o David num jogo tão importante.
Ouvi o barulho da porta da suite a abrir.


- Amor! Chegaste mesmo a tempo de ver o jogo… - gritei.

- Sério? Vamo então! – beijou-me, sentou-se ao meu lado e começou também a comer uma fatia de pizza.


Vímos o jogo com o nervosismo a atacar-nos ferozmente. Enquanto eu gritava, suspirava, fechava as mãos e crava as mãos na carne, ele mantinha-se calado, e agarrado ao cachecol que tinha trazido na mala. Fez-se justiça e o melhor clube do mundo ganhou aos tripeiros.


- Vou mandar mensagem a eles… - beijou-me e pegou no telemóvel…


Depois de mandar mensagem voltar a sentar-se no sofá, e puxou-me para ele.


- Como foi, hoje? – perguntei.

- Normal… É meio estranho ainda, sabe? – sorriu. – É estranho não ver todo mundo falando algo que eu perceba… Não chegar e ver o Jesus, o Rúben, o Javi.. Não conhecer o senhor que corta a grama… Acho que vai demorar a me habituar…

- Eu sei, amor… Para mim também é estranho… Mas isto é óptimo para ti! Logo, é óptimo para nós… E ao menos estamos juntos… - beijei-o suavemente.

- Eu não conseguia sem você… Não consigo nem pensar…

- Nem tens que pensar… Eu sou tua, e tu és meu, por isso, não temos que pensar em nada separados… Amo-te, zuca mais lindo.

- Obrigado… Também amo muito você… Mais que tudo… - beijou-me intensamente, mas cortou e notei que tava cansado.

- Vamos dormir, meu amor. Tens que carregar essas baterias.

- Mas eu queria dar uma noite que merece a você.

- Dás quando tiveres melhor, dormir abraçada a ti, já por si é uma das melhores coisas do mundo.


Acabámos por adormecer os dois muito rapidamente. Só deu tempo para vestir o pijama e caímos redondinhos na cama.


DOMINGO: 6 de Fevereiro de 2011


Nestes pretéritos dias, escolhemos a nossa futura casa, que agora está a ser retocada para ficar totalmente ao nosso gosto, e decorada por profissionais.
Recebi um telefonema da minha prima que está a tirar o doutoramento (e tinha-me esquecido completamente) e combinámos ir ver juntas o jogo do David esta noite, não sabíamos nem se ele ia chegar, mas íamos também ficar no meio do público para conhecermos o ambiente.

Acordei com o barulho da porta da casa de banho a fechar. Abri os olhos, o mínimo que conseguia, pois aquela luz de manhã incomodava-me sempre imenso.


- Já vais? – perguntei.

- Já, meu anjo… Desculpa ter acordado você…

- Não tens que pedir desculpa, gatinho. Logo vou ver-te com a minha prima.

- Tá falando sério?

- Claro… - beijei-o. – Não vou perder um jogo teu, pelo menos os de casa… - prometi.

- Cê é linda, te amo!

- Eu também!


Ele beijou-me mais uma vez e acabou por sair. Tomei um banho e vesti-me rapidamente. A minha prima não devia demorar muito a chegar.

Ela chegou e seguimos no seu carro para o Estádio.

Estavam milhares de pessoas à espera para entrar, e uma confusão imensa, por momentos arrependi-me de ao menos não termos entrado logo pelo parque de estacionamento onde tínhamos deixado o carro. Mas, o simples facto de naqueles corredores só estarem pessoas que me eram desconhecidas, fez com que a minha espinha me desse um arrepio tremendo.

- Paula! Paula! – ouvi a Alexandra a chamar-me. – Aquele rapaz tinha uma camisola do David! Oh Meu Deus! – ri-me com a sua surpresa.

- És a maior! – trocei-a.

- O quê? Tipo, no Benfica era mais fácil, mas o David ainda nem sequer jogou aqui e, o Chelsea, é o Chelsea!

- O Chelsea é o Chelsea? – olhei-a espantada. – Lá por seres do Vitória de Guimarães não tens o direito de falares assim do Benfica, o melhor clube do mundo. – dei ênfase nesta última parte.

- Tá calada! Sabes bem que o Chelsea é o melhor! Quando o Nuno cá vier vai implorar-te por bilhetes!

- O Chelsea é o melhor, o quê? – já não estava a gostar da conversa. – E sim, ele que peça, quantos mais bilhetes o David arranjar, mais eu tenho a certeza que não venho sozinha a este estádio todo azul.

- Vamos cobrar! – sorriu e eu pisquei-lhe o olho.

Acabámos por entrar no estádio e sentamo-nos na bancada central, rodeada de adeptos vestidos de azul. Sinceramente, também não preferia virar-me para os de vermelho, depois do desaire do ano passado, e estava a começar a perceber que isto de clubes ingleses…

O David entrou aos 72’ com o Chelsea já a perder por 1-0, e o resultado manteve-se até ao final do jogo.

Esperamos por ele dentro do carro da Alexandra no parque de estacionamento do estádio. Ele demorou um pouco mais do que no Benfica, e por isso estranhei um pouco. Quando o vimos a chegar saímos do carro para o cumprimentar.

- Parabéns! – disse-lhe a Alexandra que lhe deu um abraço.

- Parabéns, macarrão! – ele segurou-me na cintura e beijou-me delicadamente.

- Quer vir jantar connosco, Alexandra?

- Não, obrigada David… Tenho que estudar… Mas deixo-vos onde quiserem…

- Sendo assim, ficámos mesmo no hotel, comemos lá e depois descansámos. – sugeri e o David concordou sorrindo.

Depois de jantarmos subimos para a suite para festejar o seu primeiro jogo neste clube. O primeiro de 

muitos.

Paula ♥

Todos os direitos reservados ªª