Dedicado à minha DiiDii e à clarinha (entreamigas), que foram a minha inspiração! (;
QUINTA-FEIRA: 24 de Fevereiro de 2011
QUINTA-FEIRA: 24 de Fevereiro de 2011
O Benfica tinha jogo importante hoje, e não fui à Alemanha, porque sabia que o David precisava mais do meu apoio.
Vimos o jogo, os dois já no sofá da nova casa. O Benfica continuava a ser o meu CLUBE, aliás, mais do que isso, a minha RELIGIÃO! Os rapazes conseguiram entrar na história com a primeira vitória do Benfas na Alemanha, carimbando a passagem para os oitavos da Euroliga, como diz o ‘nosso’ mister!
Adormeci nos braços do David, feliz da vida, tinha-o a ele, ao nosso bebé, e ainda por cima o outro amor da minha vida, estava super bem. Podia dizer que agora sim, me sentia muito feliz.
SEXTA-FEIRA: 25 de Fevereiro de 2011
- Amô… Vou sair para o treino, volto logo. – David beijou-me ao despertar-me.
- Não me deixes… - pediu o meu inconsciente. – Preciso de ti. – amarrei-o para mim e ele riu-se.
- Te amo, volto logo, sim? TE AMO!
- Prometes?
- Claro, amo da minha vida…
- David? – chamei, quando ele se levantou da cama, preparado para sair.
- Diga, meu amô…
- Amo-te muito! És o homem da minha vida, vais ficar para sempre… - disse.
- Cê tá muito romântica, gatona! Eu sei, você também vai ficá para sempre.
Ele acabou por sair, e como reparei que faltava alguma comida em casa, decidi sair. Peguei no meu carro que tinha chegado (pedi os dois, o antigo e o mais recente e só o antigo chegou) .
Saí de casa, estava super atarefada e tinha muitas coisas para fazer, estava com pressentimento que hoje algo mudaria… Peguei nas chaves do meu carro antigo, nem sei bem porque, mas o meu cérebro mandou e assim o fiz e retirei-o garagem, entrei nele e cheirava a lavado, sorri porque adorava esse cheiro. Coloquei a minha mala no lugar do morto e a minha espinha arrepiou quando pensei nessa palavra. Foi uma sensação estranha, sem explicação possível.
Acariciei a minha barriga novamente, aqueles 3 meses faziam-me a pessoa mais feliz do mundo. Algo me dizia que ia ser um menino, e sorri ao imaginá-lo correr pela casa, e a ir receber o David assim que ele chegasse do treino.
Conduzi mais rápido do que o normal, mas algo me pediu para acalmar e eu abrandei. Lá fora estava um típico dia de finais de Fevereiro e de Londes, muita chuva, mas não estava assim tanto frio. A estrada estava calma, os carros tinham mais cuidado na estrada, muito possivelmente por causa da chuva…
Ouvi um barulho ensurdecedor da travagem dum automóvel que me fez tremer imediatamente, encolhi-me logo após. Mas foi tarde de mais, o carro despistou-se, mudou de faixa e direcção e veio bater em mim, exactamente no lado em que eu me encontrava…
.
.
.
.
DAVID:
Saí do balneário com uma sensação estranha, talvez não fosse nada, ficava sempre mal disposto em dias de chuva. Entrei no carro e comecei a conduzir para casa, estava louco por abraçar a minha princesa, e a prova do nosso amor. Ela me deu tudo nessa vida e me senti o homem mais sortudo do mundo por ter ela casada comigo e, esperando um filho meu.
Invejava a sua coragem, a sua capacidade para ajudar os outros mesmo que tivesse mal, em dois meses íamos fazer dois anos juntos, mas já parecem 12 ou 20. Aquele jeito, aquele sorriso, o seu cheiro, sua maneira de andar, de me beijar e até as noites que passei junto com ela, tudo isso me deixava ainda mais louco e apaixonado.
O telemóvel começou tocando, vi o número dela no visor e, atendi.
- Meu amor! Tou mesmo chegando a casa! Tá com saudades é?
- “Bom dia, fala o senhor David Marinho, marido de Paula Silva?” – perguntou uma voz que me era completamente desconhecida.
Demorei pouco tempo a responder, mas senti o meu corpo todo a tremer que encostei o carro.
- Esse mesmo, passa-se alguma coisa com ela? – perguntei com medo da resposta.
- “Senhor David, peço-lhe calma. Ainda não temos muitos dados…”
- O que é que a Paula tem? – perguntei elevando a voz. – O que é que lhe fizeram?! – senti lágrimas de raiva a escorrerem-me pela face.
- “A sua esposa sofreu um grave acidente… Encontra-se nos cuidados intensivos.”
- Como? Não… não pode ser… Onde ela tá?
- “Ela tinha informações na carteira para ser encaminhada para o Hospital St.Julies, e é aqui que se encontra…”
- Eu vou já para aí! – afirmei e desliguei a chamada.
Fiz a condução mais acelerada da minha vida, não conseguia ver a estrada, os meus olhos estavam cheios de lágrimas. Uma coisa estava certo, sem ela minha vida não fazia qualquer sentido, ela era a única razão da minha existência à muito tempo. O trânsito tava infernal, e as minhas ultrapassagens foram motivo para algumas apitadelas, mas nada que me incomodasse, na verdade a minha cabeça transmitia-me imagens dela desde a primeira até à última vez que a vira.
O hospital também tava um caus, mas assim que estacionei o carro corri para o balcão e, fiz uma coisa que não era hábito. Dirigi-me à recepção e não liguei se a moça ‘tava falando com outra pessoa,
- Por favor! – disse num tom de voz elevado.
- Sim? - disse ela num ar arrogante.
- Minha mulher entrou agora aqui… Tenho que ver ela.
- Só um momento… Poderia dizer-me o nome? – enquanto isso comecei escrevendo o número da Mariana num papel.
- Luísa, acho que é a do Piso 2, quarto 23… - disse a outra moça.
- Sim, mas não pode ir lá, menino.
- Então me faça um favor… Me ligue para esse número e diga que a Paula teve um acidente, e eu já cheguei. Eu tenho que ir ter com ela, ninguém me vai impedir.
- Já disse que não pode, só com autoriza…
Não ouvi mais o que ela me disse, comecei correndo feito doido, o elevador demoraria tempo a mais e eu fui pelas escadas de emergência. Os corredores tinham o cheiro típico a hospital, vi as placas… quarto 20, quarto 21, quarto 22 e, quarto 23. Não dava para entrar, mas um vidro mostrava o quarto dentro. Ela lá estava. Nunca tinha visto nada assim, tava ligada a muitas máquinas, e havia tubinhos de sangue por todo o quarto. Olhei para a sua face, seus olhos estavam fechados assim como sua boca, seu nariz tinha tubos enfiados que estariam ligados a outras máquinas. Tinha vários cortes na face, e os seus braços estavam descobertos, estavam ligados e o único sítio onde dava para ver pele, era nas mãos, estas também cheias de feridas, mas uma coisa estava exactamente igual, uma coisa que fez a minha cara ficar ainda mais inundada de lágrimas, uma coisa que me fez arrepender de não me ter amarrado a ela demasiado na noite passada, me arrependi daqueles meses todos calado, sem confessar um único amo-te. Mas ouve uma coisa que não me arrependi, desde que tou junto com ela, a gente nunca deixou nada por dizer, nunca guardou um ‘amo-te’, um ‘adoro-te’ ou um ‘sinto tanto a sua falta’. Apesar das nossas brigas nunca fui infeliz, porque ambos sabíamos que nos amava-mos mutuamente, e que esse sentimento nunca iria sair de nossos corações, de nossas almas. Essa coisa era nossa aliança. Que permanecia totalmente intacta, sem um fio de sangue ou um risco, tão brilhante tal como no dia de nosso casamento.
Ouvi um segurança, pensei que fosse para mim. Uma coisa tinha a certeza, ninguém me poderia tirar do lado dela, o amor da minha vida.
Queria senti-la de perto, beijá-la, dizer que logo voltava para casa. Apesar de isso parecer impossível, só a primeira já era bom. Vi uma porta do meu lado direito, Como não tinha visto isso antes? Encaminhei-me rapidamente para ela e fiz força na maçaneta, que acabou por ceder, só conseguia ouvir o barulho das máquinas, me ajoelhei e peguei na sua mão. Chorei, chorei por pensar que ela podia nunca mais ouvir uma declaração, me dar um beijo, passar uma noite. Mas seu cheiro, seu sabor e seu toque estavam entranhados dentro de mim. E nunca mais irão sair.
Paula ♥
Todos os direitos reservados ªª