TERÇA-FEIRA: 28 de Dezembro de 2010
Acordei super fraca, o David já saíra há algum tempo, presumi. Fui tomar um banho para ver se isto era tudo sono. Coloquei-me debaixo do chuveiro e estremeci no primeiro jacto de água fria, saí do banho e comecei a ver tudo à roda. Ignorei o facto e comecei a vestir-me.
Desci as escadas amarrada ao corrimão, agora, estava a ver as coisas todas à roda, mas a velocidade era muito diferente. Fechei os olhos e as coisas pouco melhoraram, entrei na cozinha e peguei numa fatia de bolo de chocolate, que tinha feito no dia anterior enquanto o David estava no treino. Coloquei-a num prato, tirei um garfo e comecei a comer.
Não notei melhoras, aliás, uma dor de cabeça enorme instalou-se na minha cabeça. Sentei-me no sofá, tentei adormecer, não consegui, voltei a levantar-me e tirei um analgésico do armário. Tomei-o com agua e voltei a sentar-me no sofá, esperando que o David chegasse.
- Meu amor! – quase gritou assim que entrou.
- Olá… Eu vou já fazer o almoço.
Ele aproximou-se de mim e beijou-me. Mas eu não estava com disposição para grande coisa, e cortei o beijo pouco depois.
- Que se passa, meu anjo?
- Sinto-me mal, acordei com tonturas, dores de cabeça…
- Já comeu? Deve estar fraca, cê tá mais magrinha…
- Já.. Comi uma fatia de bolo, e tomei comprimido, passou, mas está a voltar novamente…
- Então eu faço o almoço para nós, e se não passar vai ao médico…
- Pode ser gripe, amor. Não vou entupir hospitais.
- Não fala bobagem, quero você bem. – beijou-me na testa.
- Se ainda tiver mal, amanhã, eu vou…
- Está bem, mas vai mesmo! Eu vou fazer o macarrão, venho já..
- Eu vou pôr a mesa. – disse prontamente.
- Vai quê?
- Pôr a mesa…
- Deixa tár sentadinha no sofá, que eu trato disso, tá bem? – beijou-me.
- Amo-te, David. – disse ao arrastar a voz.
- Cê é tão fofa, sabia? Me deixa maluco.
- Não digas isso, vai lá. – disse envergonhada.
- Shiu. – beijou-me novamente. – Te amo, muito!
Ele entrou na cozinha e eu continuei sentada no sofá. Liguei a televisão, mas depressa baixei o som porque a dor de cabeça aumentou. O David chegou pouco depois com as suas tradicionais “taçonas” de macarrão.
- Espero que goste meu anjo. – beijou-me na testa. – Tá se sentindo melhô?
- Não… Está a piorar cada vez mais.
- É melhor irmos ao hospital hoje…
- Não! Eu depois disso vou já para a cama, e melhoro, vai ver!
- Me dói ver você doente…
- Tontinho! – sorri. – A massa tá tão boaaaaaa!
- Ainda bem que gosta, fiz à pressa…
- Foi feita com carinho?
- E amor…
- Então é esse o segredo! – pisquei-lhe o olho.
- Cê até doente é linda… - eu corei e não lhe respondi. – É verdade, não fica envergonhada, não…
- Não digas disparates, David Marinho.
- Você se apaixonaria por um cara que não diz disparates?
- Bem pensado! – ri-me.
- Então não pode resmungar, não!
- Peço desculpa! – disse e sorri. – Vou pousar a loiça na cozinha, venho já. – disse enquanto me levantava.
- Ei, ei! Cê não vai a lado nenhum! Senta aí que eu venho já!
- Eu não sou nenhuma inválida, óh!
- Mas é minha princesa, por isso…
Ele levou a loiça e pelo barulho colocou-a na máquina de lavar loiça. Voltou para a sala rapidamente e começou a pegar em mim ao colo.
- O que estás a fazer? – perguntei imediatamente.
- A levar-te para cima, gatinha.
- Eu ainda tenho pernas…
- Sim, mas enquanto eu poder, irei levar vocêêê!
- És um mono, David. Sabias?
- A mesma pessoa que o afirmou casou comigo, por isso, é numa boa.
- Numa boa? – imitei o seu sotaque.
- Sim, cê vai ficá aqui e eu vou po treino, mas volto logo, tá?
- Está bem…
- Te amo, gata. Não saia da cama, só para ir na casa de banho.
- Ok… pai.
- Ei, eu digo a você que te amo, e que é uma gata e cê me chama de pai? – amuou.
- Adoro ver-te assim, adoro, adoro, adoro!
- Tá bom, vou indo…
- Anda cá. – puxei-lhe o braço. – Também te amo muito, amor da minha vida. – beijei-o. - Tá bom assim? – perguntei.
- Muito, e se põe boa, que tou louco que chegue a sobremesa.
- Tu já és louco!
- Por você né… Vá, tenho que ir, que o mister me mata. Venho logo, me liga se acontecer algo!
- Não te preocupes, amor. Vai lá.
A dor de cabeça foi abrandando e, quando o David estava prestes a chegar já suportava ver TV. Ouvi a porta a abrir e a bater e o barulho de alguém a subir as escadas.
- Tá melhor, Paulinha?
- A dor de cabeça está a desaparecer, mas ainda me sinto fraca.
- Trouxe o jantar para nós! – sorriu e tirou de trás das costas uma embalagem do meu restaurante preferido. – Já só tinham arroz de pato…
- Perfeito, perfeito. Digo, tu és perfeito! – beijei-o.
- Cê é que é… - beijou-me de volta e começamos a comer.
- Estou tão cansada para te dar a sobremesa, amor.
- Deixa para lá…
- Oh…
- Cê pensa que não é gostoso dormir amarrado a você?
- Se for tão bom para ti como é para mim… É uma das melhores coisas da minha vida, sinto-me tão protegida por ti… Aliás, sinto-me protegida só por estar na mesma divisão que tu, é inexplicável. Sinto-o desde a primeira noite que passei contigo.
- Oh meu anjo, eu vivo para você, não imagina o quanto é bom ouvir isso, eu agradeço todos os dias a Deus, por me ter colocado você na minha vida, cê é a melhor pessoa que alguma vez tive a chance de conhecer, quando olho para você, vejo seus olhos, seus lábios, seu sorriso, fico louco, e penso que tou sonhando, daqueles sonhos de moleque, ou algo assim.
- Amo-te! – foi a única coisa que consegui dizer.
- Eu também, Paula. Te amo, mais que tudo o resto junto.
- És tão lindo, tão lindo…
- Não diga bobagem, cê é que é… Bem que me podia dar uma filhinha…
- Se eu hoje não tivesse tão cansada… Prometo que amanhã começamos a tentar. – beijei-o.
- Tá falando sério?
- Sim, ou achas que eu não quero?
- Te amo, tanto!
- Eu sei, que sou maravilhosa. Vá agora que já acabaste, anda para a minha beira.
- Eu vou, me deixa só vestir as calças, cê tá quente?
- Um pouco, deve-me tar a vir febre…
- Então durmo só de calças.
- Ui, gosto disso! – beijei-o.
Paula ♥
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